Alterações Hormonais Causadas pelo Macroadenoma Hipofisário

NEUROLOGIA

5/11/20254 min read

Alterações Hormonais Causadas pelo Macroadenoma Hipofisário

O macroadenoma hipofisário é um tumor benigno que se desenvolve na hipófise, uma glândula localizada na base do crânio, dentro da sela túrcica. Apesar de benigno, este tipo de adenoma pode causar sérias alterações hormonais devido à secreção excessiva ou insuficiente de hormônios hipofisários, bem como por efeitos compressivos em estruturas adjacentes.

A Hipófise e Sua Importância

A hipófise é conhecida como a "glândula mestra" do corpo, controlando diversas funções fisiológicas através da liberação de hormônios que regulam outras glândulas endócrinas, como a tireoide, as adrenais e as gônadas. Ela é composta por duas partes principais:

  1. Adeno-hipófise (hipófise anterior): secreta hormônios como prolactina, hormônio do crescimento (GH), hormônio adrenocorticotópico (ACTH), hormônio luteinizante (LH), hormônio folículo-estimulante (FSH) e hormônio estimulante da tireoide (TSH).

  2. Neuro-hipófise (hipófise posterior): armazena e libera hormônios produzidos pelo hipotálamo, como a ocitocina e o hormônio antidiurético (ADH).

A regulação hormonal da hipófise é feita por um sistema de retroalimentação entre ela e o hipotálamo. Qualquer distúrbio que afete a hipófise pode desestabilizar esse sistema, levando a complicações que afetam a saúde geral do paciente.

Macroadenoma Hipofisário e Tipos de Alterações Hormonais

As alterações hormonais causadas pelo macroadenoma podem ser classificadas em dois grandes grupos: hipersecreção e hipossecreção.

1. Hipersecreção Hormonal

Quando o macroadenoma produz hormônios em excesso, os sintomas variam de acordo com o hormônio afetado:

  • Prolactina (prolactinoma): Os macroadenomas que produzem prolactina são os mais comuns. A hipersecreção de prolactina pode causar:

    • Nas mulheres: galactorreia (secreção de leite), amenorreia (ausência de menstruação) e infertilidade.

    • Nos homens: redução da libido, disfunção erétil e ginecomastia.

  • Hormônio do Crescimento (GH): O excesso de GH pode levar a:

    • Acromegalia em adultos: aumento das extremidades, mandíbula proeminente, alargamento das mãos e pés, e alterações nos traços faciais.

    • Gigantismo em crianças: crescimento excessivo devido às epífises ainda abertas nos ossos longos.

  • ACTH (doença de Cushing): O excesso de ACTH estimula as adrenais a produzirem cortisol, causando:

    • Obesidade central, rosto arredondado ("cara de lua cheia"), hipertensão arterial, pele fina com estrias violáceas e fragilidade capilar.

  • TSH: Embora raro, a hipersecreção de TSH causa hipertireoidismo, com sintomas como perda de peso, nervosismo, palpitações e intolerância ao calor.

2. Hipossecreção Hormonal

O macroadenoma também pode comprimir o tecido hipofisário normal, reduzindo a produção de hormônios. Essa condição é chamada de hipopituitarismo e pode afetar um ou mais hormônios:

  • Deficiência de GH: Em adultos, pode causar fadiga, redução da massa muscular, aumento da gordura corporal e baixa densidade óssea.

  • Deficiência de ACTH: Reduz a produção de cortisol pelas adrenais, levando a fadiga, hipotensão e hipoglicemia.

  • Deficiência de TSH: Resulta em hipotireoidismo, com sintomas como ganho de peso, letargia, pele seca e intolerância ao frio.

  • Deficiência de LH/FSH: Causa hipogonadismo, levando à infertilidade, amenorreia em mulheres e redução da libido em homens.

  • Deficiência de ADH: Pode causar diabetes insípido, caracterizado por poliúria (excesso de urina) e polidipsia (sede excessiva).

Complicações Relacionadas

Além das alterações hormonais, o macroadenoma hipofisário pode causar complicações devido à sua expansão e compressão de estruturas vizinhas:

  • Deficiência Visual: O crescimento do tumor pode comprimir o quiasma óptico, causando perda visual, especialmente hemianopsia bitemporal.

  • Cefaleia: É uma queixa comum e resulta da pressão exercida pelo tumor na base do crânio.

  • Hipertensão Intracraniana: Tumores maiores podem aumentar a pressão intracraniana, levando a sintomas como náusea, vômito e alteração do estado mental.

Diagnóstico

O diagnóstico do macroadenoma hipofisário geralmente envolve:

  • Histórico clínico e exame físico: Avaliação dos sintomas hormonais e neurológicos.

  • Exames de imagem: A ressonância magnética (RM) é o exame padrão-ouro para identificar o tamanho e a localização do tumor.

  • Testes laboratoriais: Incluem dosagens hormonais para identificar deficiências ou excessos específicos.

  • Teste de campo visual: Fundamental para avaliar o impacto visual do tumor.

Tratamento

O tratamento depende da natureza do macroadenoma e dos sintomas apresentados:

  1. Terapia medicamentosa:

    • Agonistas da dopamina, como a cabergolina, são eficazes em prolactinomas.

    • Analogos da somatostatina para acromegalia.

  2. Cirurgia:

    • A remoção cirúrgica é frequentemente necessária para macroadenomas maiores ou resistentes ao tratamento medicamentoso.

    • A abordagem transesfenoidal é a técnica mais comumente utilizada, proporcionando acesso direto à hipófise com menos complicações.

  3. Radioterapia:

    • Pode ser utilizada em casos que não respondem a outros tratamentos.

    • A radiocirurgia estereotáxica, como a Gamma Knife, é uma opção moderna para controle de tumores residuais ou recidivantes.

Prognóstico

Embora os macroadenomas sejam benignos, a gravidade de suas complicações varia. Pacientes tratados adequadamente podem ter boa qualidade de vida, mas é essencial o acompanhamento médico regular para monitorar a função hormonal e prevenir recidivas.

Conclusão

O macroadenoma hipofisário, embora benigno, pode causar sérias alterações hormonais que impactam significativamente a qualidade de vida do paciente. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são cruciais para minimizar as complicações e restaurar o equilíbrio hormonal. Pacientes com suspeita de sintomas relacionados devem buscar orientação médica especializada para uma abordagem personalizada e eficaz. Este artigo reforça a importância da educação sobre o tema para promover um cuidado à saúde baseado em evidências e centrado no paciente.